Para encerrar meus azuis de 2013 escolhi este soneto, presente especial de minha amiga Zulmira, escrito por seu avô, figura ilustre de Paraty, dr. Samuel Costa. Ele já era cego quando o escreveu, em 1929.
Azul claro do céu, das serranias
Mais distantes, em tardes estivais,
Minha cor preferida, nos meus dias
De claridades que não voltam mais.
Meu cérebro se inunda de harmonias
Azuis (tal qual medievais catedrais)
Coando-se na luz de ondulações macias
Através das turquesas dos vitrais.
Esmalto todo azul meu pensamento
Para relembrar as ilusões douradas
Do meu doce passado, de um momento.
E embora imerso em sombras,
Do meu doce passado, de um momento.
E embora imerso em sombras,
Já veladas as pupilas à luz do firmamento,
Canto o azul entre as cores relembradas
Canto o azul entre as cores relembradas
Foto Fernando Fernandes |