Pois é... No Rio de Janeiro
tão vilipendiado e servindo de tubo-de-ensaio para espalhar a violência que
mora nas raízes do golpe que nos vitima de norte a sul do Brasil desde o ano
passado, nesse Rio de Janeiro com sua população humilhada, sofrida e roubada em
seus direitos de trabalhadores, pois é, nele ainda sobra espaço para uma
instalação azul.
Usando como cenário natural
o Pão de Acúcar, o artista norte-americano
Daniel Arsham definiu sua mais recente instalação: um jardim zen japonês. Azul,
claro. E ele misturou diferentes materiais para chegar ao resultado final que,
numa reinterpretação de uma das tradições da cultura japonesa, sugere o local como refúgio para meditação e
contemplação.
Na obra, mescla de madeira,
areia, concreto, plantas e artefatos petrificados modernos para substituir a
ideia geológica de um lugar desse naipe, que costuma ser erguido com pedras.
Arte, performance, arquitetura, o Jardim Azul tenta reunir esses
conceitos na busca do melhor ângulo diante do Pão de Açúcar. A cidade, cunhada
de “maravilhosa” desde o Carnaval de 1904 – quando o elogio apareceu pela primeira vez numa terça-feira, na
página 2 do jornal O Paiz, no dia 16 de fevereiro daquele ano – precisa, hoje, muito mais do que um jardim zen!
Mas fica o registro em azul como um sinal benfazejo, quem sabe, de
que é possível, pela via da cultura e da arte, que a mítica da Cidade
Maravilhosa volte a nos fazer derramar amores por tão lindos recortes de céu,
mar e montanhas. Sem vergonhas e com o carioca vivendo livre e com dignidade,
não mais mergulhado na sujeira social que transfigurou o belo Rio de Janeiro...
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